Berros de
uma criança
sexta-feira,
14 de fevereiro de 2014
00:40
Por edersondasilva
Um dia qualquer numa
noite de chuva constante batendo na janela, vou perseguir a vida e dizer a ela:
Não suma da minha
vista, pois por mais que eu corra e persista, não sei onde vai parar minha consciência.
Se ouço ao longe os
berros de uma criança, não sei onde foi parar minha lembrança.
Os pingos de chuva
que rebatem e marcam os segundos são as migalhas de vida que vão passando
enquanto durmo, ou enquanto alimento meu corpo farto de tudo e vazio de força
para romper o espaço tempo da lógica sem fundamento e sem explicação, porque
não necessita explicação.
O nada precisa de
tudo para existir, deixar de ser nada e ainda assim não ser nada. O tudo é a
quantidade suficiente de nada que nunca será o tudo absoluto, mas também já não
é nada.
A suficiência é
relativamente o que precisamos para entender que o nada é suficiente e que o
tudo é insuficiente. Porque nascemos para querer; sem saber que o nada é
suficiente para ser, e possuir tudo é
insuficiente para o querer. Nem sei se nada sei. Só sei que é assim. Porque
queremos assim.
Será que consegui
dizer tudo e não dizer nada?
Ao longe, ainda ouço
os berros de uma criança.
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